Engraçado como coisas acontecem e da forma com que acontecem. Ontem fui assaltada, um garoto de aparentemente 16 anos apontou uma arma para e mim e pediu meu celular. Reação? Entregar
e sair correndo.
Adrenalina a mil, coração na boca, estômago dando voltas. Só quem já passou por algo parecido sabe bem a sensação terrível que se tem. Em seguida vem à revolta, raiva e palavras de desprezo pelo ser humano que fez isso (e claro, por toda a sua família).
Culpado? Vai saber!
Se você for parar para avaliar, esse menino quando pequeno teve sonhos (como todos os outros) de ser jogador de futebol, ator, modelo, advogado, médico, veterinário... E provavelmente esses sonhos foram interrompidos pela necessidade da sobrevivência.
Claro que, necessidade alguma justifica qualquer atitude fora da lei, porém, torna-se a causa do maior problema enfrentado hoje pelo nosso país: a criminalidade.
O sistema limita. Hoje, durante o trajeto que um ônibus faz é notável a cidade partida. A exclusão social nos dias atuais ultrapassa a barreira da localidade, habitando também temas como cultura, vestuário e dialeto.
O preconceito por parte de uma (grande) maioria apenas torna viável aquilo que o governo faz: restringe e separa os bons dos ruins e os fortes dos fracos.
E nesse B-A-BA social fica cada vez mais difícil distinguir quem é o forte e quem é o fraco, afinal. Viver em um sistema capitalista e contraditório com uma constituição que permite emendas que abafem leis gera maus cidadãos.
Veja, a educação no Brasil está em decadência, a divisão de renda per capta é completamente injusta, a oportunidade de emprego não chega a todos e qualificação para o mercado de trabalho é totalmente restringida a uma classe média a diante. Agora pense no menino de aparência jovem... Onde ele se encaixaria no desenrolar da historia? Seria ele o culpado pela (talvez única) escolha ou vítima das circunstancias?
O pobre é visto como o resto. Ele é apenas sinônimo arrecadação de impostos e voto certeiro. Um significado pequeno para um povo tão grande, não acha?
Mas infelizmente essa é a cruel realidade brasileira.
Convenhamos, dificuldades impostas pelo mundo ao redor não forma caráter e muito menos destino.
Cada um sabe cuidar de si e buscar o melhor através do modo que julga correto. A capacidade do ser humano de ir sempre além é indescritível.
Porém, cabe avaliar o modo de vida, traumas de infância e é claro a ambição. Porque todo ser humano (principalmente de baixa renda) quer tornar-se poderoso.
A ambição de um carro, mulheres, amigos influentes... A ambição de ser conhecido, estar conhecendo e querer tudo aos seus pés passa pela cabeça de pelo menos 90% dos adolescentes entre 12 e 18 anos. E é nessa febre de querer sempre mais, e diante de toda facilidade de ter, é que muitos optam pela vida do crime.
Conclusão: Aqui, agora, não culpo o jovem pelo o que ele me roubou. Hoje, avaliando causas e conseqüências, circunstancias e preços a pagar, eu culpo o governo e a política em geral por roubar dessa criança a oportunidade de ser crescer e ser alguém digno na vida.
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