A noite estava fria, mesmo.
O sino da Igreja badalava seus últimos sinais de presença, a rua escura tomada por um breve silencio, porém fascinante.
Lembro-me de um casal de jovens namorados que passaram por mim. As risadas o toque, a pureza escondida no olhar tiraram-me de meus pensamentos, trouxeram-me lembranças de épocas que um dia vivi.
A escuridão entrava por noite a fora e deixava a neblina entorpecer o lugar, as horas no ponteiro da Igreja pareciam décadas a passar.
Você saiu do meio daquela confusão da noite, esfregando as mãos, seu olhar numa procura desesperada pelo meu.
Sentastes ao meu lado com um sorriso encantador, segurastes minha mão da forma que meu mundo todo se despedaçava.
Meus olhos baixos, cheios de lagrimas. Meu coração aos pulos.
O que tens? – perguntou-me
Saudades tuas, nada mais. – respondi-te
E porque me trouxeste aqui a estas horas?
Porque foi aqui que o conheci, foi aqui o nosso primeiro instante juntos, e quero que seja aqui a nossa ultima canção.
Do que estas falando? – seu ar de desaprovação me reprimia.
De nossa separação – minha voz tremia
Mas não disseste que sentistes saudades minhas? – questionou-me
Sim, saudades tuas, indecifráveis, imensuráveis. Saudades do tempo que eras meu, pena que pela metade. Das horas juntos, das promessas que fizestes. Nunca me quisestes. Nossa historia começou e termina aqui, por mais que seu afeto seja real, ainda não é o suficiente para mim.
E o que queres então? – perguntou-me
Amor de verdade. Não falo de amor sofrido, melado, dependente, submisso. Falo do sentimento inexplicável, inatingível, puro, fascinante. Quero poder ser de alguém e saber que esse alguém é meu por completo, quero ter um amigo, um protetor, um protegido, um amor.
O que buscas não existem - retrucou-me.
Pobre homem não sabe o que dizes. - completei
Nosso romance termina aqui, mas não se sinta incapaz de procurar-me, estarei a sua espera, ansiosa pelo dia que serás meu, e quem sabe desta vez não mais pela metade.
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